“…Acorda Alice” que este país não é teu!...


É uma frase que gosto muito de utilizar, no sentido que, muitas vezes nos deparamos a sonhar e a idealizar uma vida maravilhosa, ao contrário do que ela é na realidade.
Esta frase é erradamente inspirada no título do conto “ Alice no País das Maravilhas”.
Passo a explicar:

A história teve origem em 1862, quando Alice Liddel de 10 anos de idade, pede a Charles Dodson, escritor e matemático britânico, com o pseudónimo Lewis Carrol, para lhe contar e posteriormente escrever uma história.
Inicialmente a história chamou-se “As Aventuras de Alice Debaixo da Terra”, uma menina que cai numa toca de coelho e dai decorrem várias peripécias maravilhosas.

Muitos de nós temos uma ideia equivocada desta história, talvez porque na verdade nunca a lemos ou vimos, ou se a vimos éramos demasiado novos e ingénuos para a sabermos interpretar. Confesso que só a vi, ou revi com atenção, recentemente.
Para quem a conhece, Pais das “Maravilhas” aqui aparece no sentido de local misterioso, confuso, estranho, obscuro e não no sentido positivo de deslumbrante, fascinante, bonito como o nome sugestiona.
Para mim esta narrativa não deveria ser considerada infantil, uma vez que transmite uma sensação de confusão, desordem, caos e não propriamente o que imaginamos quando lemos o título.
Como o autor era matemático a história é bastante enigmática, existe nela uma brincadeira constante com a lógica e com números, o que acaba por não transmitir uma ideia serena como se pretende numa história infantil.

Posso dizer então, que a frase que tanto gosto de utilizar não se aplica, uma vez que o País Maravilhoso de Alice, não querendo ser de todo negativa, é o que na realidade vivemos e não o que sonhamos: sós, perdidos, com medo, rodeados de pessoas egoístas, más, que nos obrigam a ouvir o que não queremos, nos confundem, nos segregam pela diferença, não nos deixam falar, onde o tempo é precioso e faz-nos correr, onde quem têm poder é bajulado e utiliza métodos errados para governar.
Procurei a moral da história e a conclusão que cheguei foi que ela não existe, ou talvez seja a moral da triste e medonha história do papão: se não estudares o bicho vem e pega-te!!!

Tim Burton produziu recentemente esta história, também através da Disney, mas desta vez com pessoas e não em desenhos animados como na versão original de 1951.
O filme só estreia em Março, mas provavelmente será a versão mais adequada, uma vez que o produtor é conhecido pelas suas temáticas sombrias.
Estou verdadeiramente empolgada para assistir e aguardo pela versão certa para este estranho conto.

Para quem imagina que conhece “Alice no País das Maravilhas”, sugiro que assista à 1ª versão da Disney, clicando na hiperligação do título desta mensagem. Terão que ir seleccionando os capítulos que vão de 1 a 8. Agradeço comentários.

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